segunda-feira, janeiro 02, 2006

Para ti que partes... uma esmeralda e uma rosa

Sei que os tempos são escuros.
Sei que os dias se tornarão ásperos demais
mas te digo,companheiro... resiste!
Resiste e avança, mesmo que a verdade te chegue numa manhâ
pela boca/grito de um menino.
Lembra-te
que mesmo enrolada na dôr
dentro dessa noite fria em que te encontras
a vida vai contigo - é fogo e está sempre acesa,
não o esqueças.
Contigo, companheiro, que partes
reparto esta esmeralda que retive em meu peito na despedida
que agora repito.
Contigo, companheiro, que partes para esse caminho longo, áspero e duro,
onde a guerra consolida as diferenças engrendadas pela força feroz
que dezune o mundo e os homens - lembra-te!
Os homens foram feiros para cantar juntos, pois só juntos saberão chegar
à festa do amor final.
O tempo é de cuidados, companheiro!
O tempo é sobretudo de vigília.
(O tempo é de mentira)
Não convém deixar livre esta esmeralda que te ofereço.
Melhor é protejê-la da violência que amarra a canção em pleno vôo.
Foje das cores, companheiro. - Esconde a rosa!
É muito perigosa essa canção de amor...
Canta companheiro!
Não deves ser sozinho nem na solidão.
Derrama a luz no instante certo, que ela terá o sortilégio da seiva
torrencial da primavera.
É por isso que estou contigo.
É por isso que reparto contigo, a minha esmeralda e esta rosa.

Fevereiro de 1970

1 Comments:

Blogger over_dreams said...

Cantar no silêncio parece fazer ouvir-se dentro de nós apenas quando nos encontramos sós em nós mesmos... Mas sempre que eu me imaginar sozinha eu penso em ti, e no teu caminho para o rito do amor; pois hoje Pai, tenho a tua idade e sonho sofregamente como tu naquela altura: esperemos pelo bom copo de vinho e uma dose de verdade!

8:38 da tarde  

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