quarta-feira, março 08, 2006

Brokeback Mountain

Fui ver "O segredo de Brokeback Mountain". Sabia em traços gerais do tema que o filme tratava, embora não conhecesse a história.
Numa paisagem clássica do Oeste americano, dois "cow-boys" ligados por uma paixão mútua que ultrapassa os padrões convencionais, do mundo onde
viviam.
Em como essa paixão se transforma em amor, com toda a força que esse sentimento possa ter, e como tudo acaba trágica
mente, porque o conceito de normalidade é devastador, quando aplicado aos seres humanos.

Duas belíssimas representações de Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, que só pessoas de sensibilidade muito limitada sabem ignorar.


A sociedade em que estamos inseridos, ensinou-nos a desconfiar, regeitar e estigmatizar os que se encontram fora dos desvios aceitáveis. Esta situação já vem de longe, não temos de nos culpar por isso, mas é urgente que paremos para pensar.
Quando pautamos o comportamento de cada um e o juizo que dele fazemos, pelo conceito da normalidade, estamos a criar normais infelizes e vitoriosos descontentes, que enchem os consultórios dos psiquiatras. Estamos a criar ajustados ao sistema mas desajustados em si mesmos
E não devemos temer o castigo de Deus, como a igreja tantas vezes profetiza. Ele não castiga nem usa qualquer processo destrutivo para reequilibrar as coisas. Quem se destrói e castiga é o próprio homem, única fonte de todos os males e de todos os sofrimentos.
Guerras generalizadas, ódios raciais, fundamentalismos religiosos, genocídios, fome, crianças marginais, velhos abandonados, droga e crime organizado, violentaçã
o sexual, devastação da naturaza. Não necessitamos da ajuda externa de Deus para construir tragédias, porque sabemos muito bem fazê-las sózinhos.



Cada um de nós deve passar por tudo o que lhe seja necessário em todas as circunstâncias, é essa a nossa evolução pessoal.

Olhai para vós mesmos, antes de falar ou criticar. Todo aquele que deseja mudar alguma coisa, tem de mudar primeiro a maneira como pensa nela.

Quantas pessoas não se reveram nesta história, que tem como único pecado, amar só por amar.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este filme é um bom exemplo, de como pode a arte e mestria de um realizador, tratar um tema ainda "difícil" na nossa sociedade: e digo ainda, porque há mais tolerância, mais abertura, mais compreensão, mas, no essencial continua tudo na mesma, isto é, o preconceito existe e condiciona a vida de milhões de pessoas. E fá-lo da pior forma, não só pelo estigma exterior,mas, principalmente, pela repressão interior, que dilacera, atormenta e gera um conflito para a vida: no filme, Ennis del Mar é um bom exemplo disso mesmo. Heath Ledger tem uma interpretação fora de série, onde espelha na perfeição, o drama de quem encontra o amor, onde não estava à espera: o desejo incontrolável que, literalmente, explode entre Ennis e Jack e se transforma no amor de toda uma vida, é simultaneamente um refúgio e uma maldição. Triste contradição, esta! O amor nunca devia ser clandestino. Quando é que a sociedade, finalmente, será capaz de encarar um amor assim, com naturalidade? Lentamente, pouco a pouco, talvez o tempo, "esse grande escultor" -como dizia Yourcenar-, faça pacientemente esse trabalho. Até lá, esperemos que, pequenas vitórias como o sucesso deste filme magnífico, vão criando alguns alicerces, para um futuro de verdadeira tolerância...

"Lean on me, let our hearts beat in time,
Feel strength from the hands that have held you so long.
Who cares where we go on this rutted old road
In a world that may say that we're wrong..."

(in "A Love That Will Never Grow Old" - canção da BSO do filme.

12:35 da manhã  

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